Letícia Zuppi
Christiane Torloni é uma atriz talentosa, que sabe cativar o público. Com seu sotaque carioca marcante e voz suave, já participou de grandes sucessos da TV, do cinema e do teatro.
Filha de atores, iniciou sua carreira em 1969 e, desde então, vem surpreendendo os telespectadores. Participou de Malu Mulher, Baila Comigo, Elas por Elas, Partido Alto e, em 1986, roubou a cena como a Jô, de A Gata Comeu. Depois vieram Selva de Pedra, Armação Ilimitada, A Viagem (interpretando a inesquecível Dinah), Cara e Coroa, Torre de Babel, Um Anjo Caiu do Céu e diversos outros folhetins. Em 2003 encantou o público como a protagonista Helena, de Mulheres Apaixonadas e participou ainda de América, Beleza Pura, Caminho das Índias, Ti Ti Ti, Fina Estampa, Alto Astral, Amazônia – de Galvez a Chico Mendes, entre outros.
No cinema brilhou em sucessos como O Beijo no Asfalto, Perfume de Gardênia, Onde Andará Dulce Veiga? e Chico Xavier, entre outros. No teatro emprestou seu talento para obras como Tio Vânia, Hamlet, Salomé, Paixão de Cristo: O Auto de Deus, Mulheres por um Fio e A Loba de Ray-Ban.
Em 2008 encabeçou o movimento Amazônia para Sempre, ao lado dos atores Victor Fasano e Juca de Oliveira, alertando a população sobre a devastação da Amazônia. O abaixo-assinado do movimento teve grande adesão de personalidades do meio artístico. Em suas aparições públicas, Christiane sempre manisfesta o seu engajamento em Defesa da Floresta Amazônica. Produziu o documentário Amazônia: da Cidadania à Florestania, O Despertar e participou do Fórum Ambiental do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental. Uma atriz determinada e consciente de seu papel na sociedade.
O mais recente desafio da carreira de Christiane Torloni é o espetáculo teatral Master Class. Na peça, a atriz dá vida à famosa cantora de ópera Maria Callas. O espetáculo pode ser assistido até 13 de dezembro no Teatro Brasil Kirin, em Campinas.
Master Class é uma comédia-dramática escrita pelo premiado autor norte americano Terrence MacNally, que chega ao Brasil e conta com a direção do encenador brasileiro José Possi Neto, sob a direção musical do Maestro Fábio G. Oliveira, ambos à frente de um grande elenco formado por consagrados atores/cantores do atual cenário teatral brasileiro. O espetáculo conta com as sopranos líricas Julianne Daud (Beijo da Mulher Aranha, New York, New York) e Bianca Tadini ( Evita, O Rei e Eu, West Side Story), o tenor Leandro Lacava (Avenida Q, Meu Amigo Charlie Brown), o ator e pianista Thiago Rodrigues, além dos cantores Thiago Soares e Jayana Gomes Paiva.
Christiane nos deu a honra de uma entrevista exclusiva para o site, falando sobre este novo trabalho. Confira:
Como é o desafio de interpretar um ícone como Maria Callas?
O processo de interpretação da Callas é o desdobramento de um grande processo de pesquisa que o José Possi e eu estamos fazendo há mais de 30 anos. Teve um momento, há mais ou menos 15 anos atrás que nós nos debruçamos na Callas. É muito incrível porque quando você se aproxima da Callas, a história dessa mulher é uma história de superação, desde o nascimento dela, pois ela foi recusada pela mãe nos primeiros dias. Então, esse é um espetáculo para você se apoiar em alguém que, mais do que tudo, não desistiu do seu belo.
Como você lida com as possíveis comparações com a interpretação feita por Marília Pêra, que estrelou o espetáculo em 1996?
A Marilia é um divisor de águas – “antes de Marilia e depois de Marilia” – rsrsrs. O que que eu como artista posso acrescentar ainda a essa informação artística que foi passada? É interessante porque a Marilia é filha da arte assim como eu, que sou filha de atores – Monah Delacy e Geraldo Mateus. E foi pela mão da Marilia que eu fiz meu primeiro espetáculo – “As Preciosas Ridículas”, dirigido por ela, no Teatro Alasca, no Rio de Janeiro.
Como se prepara antes de entrar em cena para um espetáculo como “Master Class”?
Faço preparo corporal e vocal junto com o elenco. Gosto de me concentrar no meu camarim, rezar…
Em recente entrevista ao Programa do Jô, você comentou que vem vivenciando novas experiências, graças ao elenco de cantores sopranos que está em cena no espetáculo e lhe surpreendeu a sua disciplina. Como tem sido?
Tem sido maravilhoso trabalhar com eles. Os cantores líricos são muito disciplinados e disciplina é fundamental na construção de uma carreira. Não se constrói uma carreira, seja ela qual, for sem disciplina.
Segundo alguns atores, o personagem que se está interpretando no momento é sempre o mais importante. Porém, falando de televisão, há algum que você interpretou que tenha lhe marcado mais?
Sempre tive o privilégio de interpretar personagens que ficaram na memória do público. Dessa forma, todos me marcaram, cada um a seu tempo.
Que mensagem você espera que o público leve consigo ao deixar o teatro após “Master Class”?
Lendo os livros das aulas da Callas na Julliard School, você vê que ela humaniza tudo o que ela diz. Apesar dela ter se transformado em “La Divina” ela aponta que só há um caminho para a chamada perfeição – é a humanidade.
Master Class tem apresentações às sextas-feiras e sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h.
Leia mais sobre o espetáculo aqui
Fotos: Clariana Zanutto e Marcos Mesquita